Por Maria Antonieta Toledo
Fotos Ângela Scalon
Fotos Ângela Scalon
A cidade de Goiás não é apenas o berço histórico do Estado. Lá, em plenos domínios da Serra Dourada, estórias de inspiração e superação têm sido traçadas e retratadas diariamente.
Na terra de Cora Coralina e de muitos outros artistas das letras e das artes, Ingryd Cristina Carneiro do Amaral Tomaz, estudante do Colégio Estadual Mestre Nhola, acaba de protagonizar um dos papéis mais significativos da sua vida.
São dela as ilustrações do recém-lançado livro Coisas de Gente Pequena – Umas e outras de Erick, escrito por Manuel de Jesus Lima. A estudante de 10 anos foi convidada a estampar a obra do conterrâneo e com isso contagiou colegas e educadores que viram nessa iniciativa um sopro de valorização à literatura.
O convite de Manuel foi motivado pela admiração e gratidão que ele nutre pela instituição, responsável por grande parte de sua formação humanística, há 50 anos. “Resolvi voltar às minhas origens para fazer desse lançamento algo memorável”, relata o autor.
E foi lá, em seu antigo colégio, que seu Manuel encontrou a doce Ingryd, artista nata, de personalidade amena, capacidade de concentração incomparável e muita criatividade para contribuir com o seu projeto de vida: encantar crianças e adultos com o seu poder de contar histórias.
O resultado dessa produtiva união já pode ser conferido, porque o tão esperado lançamento do livro foi realizado no pátio do Colégio na presença de educadores, alunos, escritores, artistas locais, amigos e autoridades que fizeram questão de conferir o nascimento de novos protagonistas do mundo das artes.
O despertar para as artes
A narrativa retrata anos de dedicação à formação integral de crianças promovida pelos educadores do Colégio Estadual Mestre Nhola há mais de meio século. A instituição estadual, que hoje atende a 184 alunos, possui estampado em seu DNA a valorização pelas mais variadas formas de se fazer arte, seja pela literatura, dança, artes plásticas ou teatro.
A narrativa retrata anos de dedicação à formação integral de crianças promovida pelos educadores do Colégio Estadual Mestre Nhola há mais de meio século. A instituição estadual, que hoje atende a 184 alunos, possui estampado em seu DNA a valorização pelas mais variadas formas de se fazer arte, seja pela literatura, dança, artes plásticas ou teatro.
Hoje, ao adotar os moldes da educação em tempo integral, a escola dedica um período do dia para levar aos seus alunos o currículo básico. O turno seguinte é reservado para o reforço e as manifestações artísticas. Os alunos fazem três refeições preparadas no colégio, onde convivem diariamente das 7 às 15 horas.
Conforme a gestora da unidade, Silvânia Domingos dos Santos, todos os esforços buscam aproximar os alunos dos livros. “Acreditamos que a formação cognitiva e artística do ser humano perpassa pela leitura, portanto, damos um imenso valor no contato de nossos alunos com os livros, sempre mostrando que a leitura deve ser feita de forma prazerosa e não como uma obrigação. Muitos deles possuem contato com as artes apenas na escola. Por isso o nosso papel de apresentá-la é ainda mais fundamental”, relata Silvânia.
As potencialidades culturais oferecidas pela própria cidade de Goiás, como museus, monumentos históricos, oficinas culturais e atrações internacionais como o Festival Internacional de Cinema Ambiental, o Fica, são usufruídas pelos alunos, que acabam sendo levados pelos próprios professores a participar da vida artística e da cultura local.
Outra forma de promover o contato com as artes é ampliar o acesso aos livros, como explica a coordenadora pedagógica do Colégio, Sueli Batista de Freitas. “Mesmo não dispondo de um espaço físico para instalar uma biblioteca, mantemos em cada sala um cantinho da leitura. Com isso, cada sala tem um acervo próprio, que é compartilhado entre elas de tempos em tempos, para que todos possam ter contato com os livros que adquirimos, seja com verbas previstas em nosso orçamento, seja com campanhas de arrecadação ou mesmo com doações espontâneas”, detalha a coordenadora.
Segundo percepções da professora de atividades artísticas e culturais, Verinalda Correia de Freitas, os alunos adoram o momento em que se dedicam às atividades artísticas, como a hora de contar histórias. “Gostamos de deixar os livros esparramados, de fácil acesso para que eles possam manusear, ver figuras, descobrir as letras e se entreter com as histórias”, relata.
Alguns projetos especiais estimulam o hábito de ler e a reflexão sobre o que está sendo lido. A Sacola de Leitura, por exemplo, é enviada para a casa do aluno com um livro e um caderninho de anotações dentro. Assim, ao ter contato com a história, o aluno pode deixar um registro para o próximo colega que pegar o livro, seja um desenho, um comentário, ou mesmo uma avaliação escrita.
Para a professora de História Ester Amaral o contato com as artes e a leitura leva a criança a interagir de forma mais participativa e consciente na sociedade. “Quanto mais a pessoa lê, mais facilidade ela desenvolve para realizar qualquer atividade, lhe dá condição de raciocinar de forma mais aprimorada, aguça a curiosidade e lhe faz ser mais exigente consigo mesmo e com o mundo. Vivemos em uma cidade onde encontramos um verdadeiro laboratório de história e de cultura e temos que aproveitar ao máximo essa vantagem em proveito de nossos alunos”, avalia.
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