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Guerra de versões no caso Valério

Postado Por: Unknown As sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013 | 08:42:00


valerio luiz
Comentarista esportivo foi morto em julho de 2012. Imagem: Reprodução / PUC TV
As investigações em torno da morte do jornalista Valério Luiz adquiriram agora contornos profissionais. Dois lados e duas versões. Do lado da vítima, um enorme aparato policial e total apoio do Estado para elucidar um crime que chocou o Brasil. Do outro lado, uma equipe de advogados que coloca em prática o direito constitucional do suspeito, o empresário Maurício Borges Sampaio, de exercer o contraditório e a ampla defesa. Em meio a tudo isso, familiares e imprensa, que quase sempre comete pré-julgamentos, tentam influenciar numa decisão que caberá inicialmente ao Poder Judiciário.
Nesta semana, o Jornal Opção expôs a versão da delegada Adriana Ribeiro e de um dos principais advogados de defesa, o jurista Ney Moura Teles, autor de livros de direito penal distribuídos em todo país. É um choque de versões.
Nesta fase de apuração, não basta acreditar apenas na versão da Polícia Civil, quase sempre eivada de erros, conforme se observa em estudos preliminares em inquéritos policiais. Por sua vez, é de se relativizar o que diz a defesa, quando chama de lixo completo o inquérito, que será analisado pela Justiça e não por pessoas tomadas por paixão e visão tendenciosa.  Dois lados e duas versões que, possivelmente, usarão as mesmas provas para se contradizerem.  
Segue agora, sob a ótica dos principais defensores de suas teses, as versões e estratégias para o crime que abalou a sociedade goiana, manchando de sangue um inocente pai de família de forma injusta.


Teses da Polícia Civil

Principal linha de investigação
Cartorário e empresário Maurício Sampaio seria mandante do crime, praticado inicialmente pelo açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier e contando com envolvimento do sargento da Polícia Militar Djalma Gomes da Silva e do motorista Urbano de Carvalho Malta.  Não conseguiu ainda situar exatamente a participação de Ademá Figueiredo, acusado por Marcus Vinícius de ser o autor material.


Como se chegou aos suspeitos
A delegada Adriana Ribeiro afirma que cruzou informações de testemunhas com dados divulgados por quebra de sigilo telefônico. Ao Jornal Opção, ela alega que tem depoimentos de testemunhas oculares do crime: “Preocupamos muito em levantar testemunhas oculares, que são as que presenciaram a execução do crime. Conversar também com a família para saber se havia alguma motivação que poderia ter levado ao homicídio. Apanhamos a perícia com o perito criminal, que ficou ali horas e horas. E, na verdade, naquele calor do homicídio é que muitas vezes a gente consegue levantar motivação e a linha de investigação do caso”.
Provas
Uma das provas chaves parece ser as gravações que a delegada diz ter em mãos. A prisão dos autores ocorreu após checar o conteúdo dos telefonemas. “Foi a partir do momento em que a gente teve as quebras de dados das torres de telefonia. Começamos a fazer a análise. Estudamos as informações, além de verificar as pessoas ligadas ao Marcos Vinícius”. Todavia, a delegada ainda não divulgou o teor das gravações, com detalhes em diálogos.
A delegada fala ainda em outra espécie de prova, mantida em sigilo. “Nós temos uma prova não relacionada a cheques. É outra questão. São provas que demonstram que Marquinhos está falando a verdade. Elas ainda são sigilosas, mas mostra a veracidade do depoimento dele”, disse ao Jornal Opção.
Pontos fracos da investigação
- A delegada afirma que acredita na versão de Marcos Vinícius, apesar dele negar que seja o autor material do crime. Após acreditar na versão de Marcos Vinícius, ela terá que investigar o cabo Ademá Figueiredo, acusado por Marcos Vinícius de ser o real executor de Valério Luiz. “A Polícia Civil caminha para comprovar isso aí, se foi o Marquinhos ou se foi o Figueiredo. A confissão de Marquinhos tem credibilidade. Muito dos fatos que ele apresentou a gente provou”, disse a delegada em entrevista ao Jornal Opção.
- Falta de provas materiais referentes ao suposto mandante.  Todavia, é preciso que se diga: o inquérito é sigiloso e pode ser que a delegada não tenha ainda divulgado nem metade do conjunto probatório que tem em mãos.

- Não dá acesso pleno ao advogado para que possa consultar provas e depoimentos.
- Testemunhas ouvidas dizem que o autor é supostamente moreno, de pele escura, mas os suspeitos não se aparentam com a descrição inicial. É comum pessoas falarem uma coisa na delegacia e dizerem outra em juízo, anulando todo o esforço do inquérito. Já existem pelo menos três grandes contradições de versões no inquérito.
-  A Polícia Civil terá problemas para confirmar que o cabo da Polícia Militar Ademá Figueiredo seja o autor, uma vez que existe um álibi: o jornalista Joel Datena, e sua empregada, afirmam que ele esteve em sua residência próximo da hora do crime, mas não podem confirmar com certeza se ele permaneceu no local durante todo o tempo. A Polícia Civil coletou as imagens que constam na CPU do condomínio na qual são armazenadas as filmagens do circuito interno de TV. Até agora não se pronunciou sobre as imagens. Das duas, uma: ou as imagens serão prova determinante para acusar Ademá ou será mais um álibi da defesa.

Defesa de Maurício Sampaio

Principal linha de defesa
Não existem ainda a divulgação de provas materiais e testemunhais de participação do empresário Maurício Sampaio no assassinato do jornalista. Conforme Ney Teles, inexiste até agora informação que efetivamente coloque o empresário no rol dos suspeitos, indiciados e culpados. “Não há nenhuma prova de qualquer espécie neste inquérito, no que eu conheço, contra Maurício Sampaio. Algumas coisas são extremamente surpreendentes”, disse o advogado Ney Teles ao Jornal Opção, nesta semana.  Na dúvida, o advogado criminalista pede a inocência de seu cliente. E sua função é trazer à tona dúvidas e questionamentos a tudo que é dito pela delegada que conduz o caso e, assim, gerar a dúvida. 

Como se chegou a essa estratégia de defesa
Ney Teles elenca uma série de contradições nas narrativas de testemunhas e pessoas próximas à vítima. Ele diz que o pai da vítima, desde a ocorrência do crime (5 de julho de 2012), teria dito: “Eu sei quem foi”.  “A polícia só foi ouvir o cronista esportivo Manoel de Oliveira no dia 18 de julho. Por que não o ouviram imediatamente, sendo que havia dito “eu sei quem foi”? E no dia 18, ele também não disse quem foi. E a polícia não perguntou a ele: “Por que o senhor não disse o que sabia”?”, disse ao Jornal Opção.
A frase de efeito “os ratos são os primeiros a sair” é também suscitada pelo advogado. Conforme Ney Teles, o pai não sabe exatamente quando soube do seu teor: “Outra coisa muito interessante e intrigante no depoimento do sr. Manoel de Oliveira é que ele diz, num primeiro momento, que sabia daquela manifestação feita no rádio por Valério Luiz, dizendo que “os ratos são os primeiros a sair” [do navio, quer dizer, do Atlético Clube Goianiense]. Inicialmente, ele disse que sabia, até chamou a atenção de Valério Luiz e o advertiu: “Você está pegando pesado, está caçando confusão com Maurício Sampaio”. Então, Valério teria respondido: “É, desta vez peguei pesado”. Só que, no mesmo depoimento, Manoel de Oliveira disse que ficou sabendo dessa história no velório. Ele se contradisse. E a polícia não investigou”, diz o advogado.
Provas contrárias
A principal prova contra Maurício Sampaio seria a frase de efeito “os ratos são os primeiros a sair”, que teria motivado a revolta de Maurício Sampaio contra o jornalista, já que era um dos integrantes da diretoria do Atlético.  O advogado de defesa rebate a prova e alega que a cronologia da frase, dita 20 dias antes do homicídio, não se encaixa com as informações de Marcus Vinícius, que três meses antes já teria sido informado a respeito da missão de matar o jornalista. “Todos apontam que o motivo pelo qual Maurício teria interesse na morte de Valério Luiz seria aquela manifestação sobre os “ratos”. Essa manifestação ocorreu 20 dias antes da morte de Valério, no dia 17 de junho. O crime foi no dia 5 de julho. O que diz Marquinhos? Ele diz o seguinte: que cerca de três meses antes do fato, o sargento da Polícia Militar Da Silva apresentou Urbano e disseram para ele que “passasse” uma pessoa, ou seja, para que cometesse um homicídio”, diz Ney Teles.
Conforme o advogado, nessa época, três meses antes, o Atlético apresentava bom desempenho nas competições e dificilmente motivaria qualquer desavença do jornalista com a diretoria do clube.
Outra estratégia para rebater as provas é buscar no circulo de amizades e relacionamentos dos envolvidos alguma forma de contradição. Ney Teles faz isso quando aproxima um dos criminosos ao pai da vítima. “Curiosamente, Marquinhos é uma pessoa ligada ao Manoel de Oliveira. No depoimento, ele disse que jogava bola no campo do Manoel. Não é muita coincidência? Ou não? É estranho. Numa cidade de mais de 1,3 milhão de habitantes, por uma enorme coincidência, uma pessoa aparece e cai de paraquedas com um único objetivo de fazer um elo com Maurício. Essas inconsistências são grandes”.
Outra tática de defesa é apelar para as modificações nos depoimentos de testemunhas. Ney Teles cita o caso do autor do crime ser de pele ‘morena’, mas os suspeitos apresentam a cor branca. “As pessoas que viram o homicídio e que estavam na porta da Rádio 820 na hora do crime foram ouvidas no mesmo dia. Uma testemunha de nome Carina diz que o executor era um homem de cor morena. A testemunha Rafaela, também ouvida, diz que ele é moreno. Juliana diz mais: trata-se de um homem moreno escuro. Ela, funcionária da Rádio 820, afirma que passou por esse possível executor e que ele era moreno escuro. Daí pergunto: Marquinhos é moreno escuro? Eu não o vi pessoalmente, mas as fotos revelam que é branco. O cabo Figueiredo também não é moreno nem escuro, ele é branco. Por que a polícia não verificou essas informações? Essas pessoas que foram ouvidas são as que estavam na rua no momento do crime. O depoimento ganha maior precisão quanto mais próximo do evento for coletado. E as pessoas guardam melhor as compleições físicas das outras logo depois de vê-las. Curiosamente, essa moça chamada Juliana é funcionária da Rádio 820. E no dia 10 de agosto deu esse depoimento, dizendo que era uma pessoa morena escura. Esteve ao lado do executor e diz que ele até olhou para ela”.
É comum se refutar provas no processo penal com álibis – pessoa ou situação chave que desmente uma linha já montada de raciocínio. Pode ser que a defesa de Ney Teles esteja guardando novas armas para o momento em que se iniciar o processo penal – assim que o Ministério Público oferecer a denúncia e a Justiça aceitar a acusação. Um dos mais fortes é a negação de que Figueiredo tenha participado do ato: “E ele tem um álibi, que é o depoimento do jornalista Joel Datena — Figueiredo, assim como o sargento Da Silva, fazia bicos como segurança do jornalista, que foi sócio da Rádio 730 —, que disse que, no momento do crime, o militar se encontrava em sua casa. Não sei se estava, mas Joel Datena diz que estava. A empregada dele também diz que o militar estava lá. Não sei se eles vão mudar o depoimento. São falhas do inquérito. Não tem harmonia. A delegada, no dia que prendeu Marquinhos, disse que estava tudo resolvido, afirmando que “foi ele, foi ele e foi ele”. Depois que o açougueiro mudou a versão da autoria, ela já diz que não sabe quem foi”, afirma o advogado ao Jornal Opção.
Pontos fracos da defesa
- Ainda não conseguiu, junto à imprensa e opinião pública, elucidar que seu cliente tem direito a defesa e que não pode ser pré-condenado. Por mais que o advogado seja midiático, e tenha traquejo político, não consegue convencer de que seu cliente sofre supostamente injustiças ao ser considerado já culpado, quando, na verdade, sequer foi julgado. Permite, por exemplo, que jornalistas informem que Maurício Sampaio é ‘acusado’ quando quem acusa é apenas o Ministério Público – que ainda não foi chamado ao caso.  A Constituição garante que “ninguém será considerado culpado até o trânsito da sentença penal condenatória”.  Não é o que ocorre com Sampaio, já condenado pela ‘opinião pública’, que nem sempre está certa.
- A defesa é composta por advogados tarimbados e com livre trânsito nas instâncias superiores. Até agora, entretanto, não conseguiram a liberdade do cartorário, detido aparentemente sem provas suficientes para lançá-lo ao Tribunal do Júri.
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