Poderes foi o único jornal que teve coragem de divulgar, nas eleições de 2008, a extensa ficha criminal do então candidato Robson Silva Lima (PSB) e alertar a população de Cachoeira Dourada de Goiás que o forasteiro é pilantra e só pretendia saquear a prefeitura.
Dito e feito: Robson Gambá – ele conquistou o apelido após a reportagem de Poderes sobre os golpes que aplicou em várias cidades de Goiás e de outros Estados – foi expulso da prefeitura pela Câmara Municipal. O afastamento é por 90 dias, mas ele não voltará ao poder.
Réu numa Ação Civil Pública por crime de Improbidade Administrativa, o ex-prefeito pode ir parar atrás das grades. Se não fugir antes da condenação, como já fez em outras regiões. Percebendo que a casa estava caindo, Gambá já havia desistido de disputar a reeleição.
Gambá só fez maracutaia com os R$ 2,5 milhões que embolsava na Prefeitura de Cachoeira todo mês e deixa de herança para o povo um rastro interminável de corrupção. A saúde e a educação ficam em petição de miséria. O funcionalismo público está à mercê da sorte e os fornecedores do município acumulam prejuízos financeiros.
A única obra de Gambá se resume à construção de uma praça. O paradeiro do resto da grana que ele recebia mensalmente deve ser descoberto pelo Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e do Município e pelas polícias Civil e Federal. A bem da verdade, Gambá era prefeito de direito; de fato, quem mandava na prefeitura era uma loirona cadeiruda que se apresentava como mulher dele.
Poderes avisou e Robson Lima confirmou
Na reportagem intitulada Você sabe quem é Robson Lima?, publicada em 2008, Poderes alertou a população de Cachoeira Dourada sobre os reais motivos de Robson pleitear a prefeitura: ele estava de olho nos milhões que entram todo mês nos cofres do município, já que possuía uma comprida ficha criminal por práticas de estelionato em outras cidades.
Como o jornal avisou, o prefeito afastado dilapidou a prefeitura, desviou verbas públicas, inclusive dinheiro de órgãos federais, a exemplo do Fundeb. Ele lesou o funcionalismo e os fornecedores, e estagnou o progresso da região. Gambá enganou a cidade, endossando tudo que o jornal afirmou que ele faria se chegasse ao poder.
A educação foi uma das áreas mais atingidas pela desonestidade de Robson Gambá. Os professores sofreram com sucessivos atrasos de salários, inclusive atraso no pagamento das férias de julho e de retroativos referentes aos aumentos salariais de 2011 e 2012.
Cansada dos calotes de Gambá, a categoria entrou na Justiça com uma Ação Criminal contra a prefeitura. Robson Gambá descontava empréstimos consignados nas folhas de pagamentos do funcionalismo, mas não repassava o dinheiro aos bancos. A falcatrua resultou na inclusão dos nomes de servidores em cadastros de proteção ao crédito bancário.
Na mira do MP
No Ministério Público, o promotor de Justiça Marcelo de Freitas move um processo por improbidade administrativa contra Robson Gambá. Ele é réu junto com o presidente da Câmara Municipal, João Batista de Souza, seu fiel escudeiro, e o secretário municipal de Saúde, Saulo Oliveira Rodrigues, que também rezava pela cartilha do ex-prefeito.
A ação visa condenar Gambá e seus cúmplices por não prestar contas dos gastos da prefeitura à Câmara Municipal e à população. Robson Gambá se julgava tão à vontade para praticar crimes que mantinha trancada a sala onde ficavam os balancetes, impedindo qualquer fiscalização. Robson Gambá é cria do também desonesto Lauro Ramos, um ex-prefeito que em fim de carreira o escolheu para prosseguir na malandragem. O primeiro acordo entre eles era o de jamais fiscalizar os balancetes. A divulgação deles pode provocar a prisão também do velhaco Lauro ramos.
A queda de Gambá teve a participação ativa da Transparência Cachoeirense, Organização Não Governamental que até agora dá mostras de fazer um trabalho de conscientização popular importante no município.
A Transparência Cachoeirense, que mantém um blog na web, é afiliada à AMARRIBO – Amigos Associados de Ribeirão Bonito, em São Paulo, ao Instituto de Fiscalização e Controle de Brasília (IFC), no DF, e à Articulação Brasileira Contra a Corrupção e a Impunidade (Abracci).
Por Edna Santos
(Matéria publicada em Poderes na edição 241 – junho de 2008)