A apreensão de mais de uma tonelada de maconha em Aparecida de Goiânia confirma que a cidade funciona como um atacadão de drogas ilícitas e, pela rota estratégica para distribuição, o Estado de Goiás vem comandando o tráfico em todo o País. O complexo prisional de Aparecida seria, inclusive, o escritório desse comércio criminoso. Na noite de segunda-feira (24), foram presos quatro suspeitos de integrar uma organização criminosa que abasteceria a região metropolitana de Goiânia e Estados das regiões Norte e Nordeste.

Com os suspeitos, foram aprendidos 1.270 quilos de maconha. O delegado Breynner Vasconcelos Cursino, chefe do Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (Genarc) de Aparecida, informa que cerca de dez pessoas, que já foram presas, também integram a rede de tráfico de drogas em grande escala. Só em 2011, já foram apreendidas mais de duas toneladas de drogas em Aparecida. "Não podemos revelar nomes ainda, mas novas prisões serão feitas. Esta apreensão representa um grande prejuízo para os criminosos e vamos dar mais prejuízos ainda." A droga apreendida renderia mais de R$ 600 mil.

Segundo o delegado, todos os presos envolvidos com o tráfico pesado de drogas têm algum vínculo com sentenciados que cumprem pena no complexo prisional de Aparecida. O comércio ilegal gera outro crime grave: "Sabemos que o traficante não move ação para receber dívidas. Ele mata o devedor. A ligação entre o tráfico e o homicídio é estreita", diz o delegado.

Foram presos, no Jardim Luz, onde a droga estava guardada, os irmãos Alistopherson de Morais Bernardes, 27, Cristopholis de Morais Bernardes, 36, Célia de Sousa Santos, 29, e Ludson Mendes de Souza, 28. O grupo era investigado havia mais de um ano. O delegado informa que tudo indica que a droga veio do Paraguai pelo Mato Grosso do Sul. "Fizemos campana durante 48 horas ininterruptas para fazer a prisão e apreensão da droga. Para se ter uma ideia, essa quantidade de maconha é suficiente para fazer um cigarro para cada habitante de Goiânia", diz o delegado.

Os criminosos são muito bem organizados, diz o chefe do Genarc. A Polícia Civil descobriu que eles têm um grupo especializado no transporte da droga, um encarregado de estocar o produto, outro para fazer a distribuição e um último para operar as movimentações financeiras. Outra modalidade de crime associada ao tráfico é o roubo de veículos. Carros tomados em assalto no Brasil funcionam como moeda de troca pela droga no Paraguai.

Autor: Jornalista Ivair Lima - Foto: Cleuber de Souza